31-03-2021

TMG: preparamo-nos para ser a fábrica do futuro

Em 2021, a estratégia de crescimento e investimento contínuo em inovação continua a fazer parte do ADN da TMG?

Diria que mais do que nunca, é importante investir em Inovação e em diferenciação, de forma a incorporar conhecimento e a transformação do mesmo em bens, com valor comercial. A TMG acredita que só assim se pode desafiar mercados globais e crescer de forma sustentada. Neste sentido, é cada vez mais a estratégia da TMG não só acrescentar valor pela via orgânica, desenvolvendo internamente o que melhor sabemos fazer, mas também pela Inovação mais disruptiva, em colaboração com entidades e ecossistemas do meio académico e científico, que promovem valor pela diferenciação.

 

Quais as principais áreas em que o Grupo está envolvido gostaria de destacar nesta entrevista, tendo em consideração novos projetos e apostas de investimento nessas áreas?

Na TMG novos projetos ou investimentos são uma constante e não se limitam ao desenvolvimento de produtos, porque temos a clara noção que, como empresa transformadora que somos, os processos industriais e as infraestruturas são o nosso pilar. Na área da inovação de processos, a TMG tem vindo a preparar-se para ser a fábrica do futuro, investindo continuadamente em ferramentas tecnológicas numa estratégia de transformação digital. Transformação esta que promove a interligação e integração das várias operações, otimizando processos e garantindo à cadeia de valor conexão e transversalidade de soluções que incrementam sinergias e eficiências. Neste ano, concentrámos o esforço na crescente automação e desmaterialização de processos, na utilização de Inteligência Artificial com o objetivo de deteção das causas raiz de problemas, assim como no desenvolvimento de novos artigos, e nas Tecnologias de Simulação, que nos permitem prever o comportamento dos nossos materiais. Do ponto de vista energético, a TMG desde sempre apostou na produção de energia de fonte renovável. As duas mini-hídricas instaladas no Rio Ave a produzir energia há mais de 50 anos são prova disso mesmo. Mais recentemente, efetuámos um investimento em dois parques fotovoltaicos, com arranque previsto para o final do primeiro semestre de 2021.

 

A TMG é uma empresa onde a responsabilidade social e a sustentabilidade são muito trabalhadas. No que concerne à sustentabilidade, quais as principais ações levadas acabo para assegurar uma poupança dos recursos naturais, energéticos e de matéria-prima no decorrer do vosso trabalho?

A TMG é uma empresa familiar e assenta a sua existência nos pilares da ética, princípios e valores, com o respeito pelo meio ambiente e a comunidade, desde a sua fundação. Desde há mais de 20 anos com certificações nas áreas de Qualidade e Ambiente, temos procurado alinhar o nosso sucesso com o compromisso de produzir responsavelmente. Recentemente, e para formalizar o nosso comprometimento, tornámo-nos membros do Global Compact das Nações Unidas e subscrevemos os 10 princípios de Desenvolvimento Sustentável. A escolha de fornecedores incide sobre os que demonstram práticas sustentáveis nas suas organizações, e que se alinham com os princípios que defendemos. Internamente e de forma a determinar os impactos ambientais dos produtos, a TMG adotou a diretiva europeia da Avaliação de Ciclo de Vida como ferramenta vital para o desenvolvimento do produto, desde a sua conceção, escolha de matérias-primas, produção e fim de vida, incluindo o posterior desmantelamento, reutilização e reciclagem, tendo sempre como objetivo principal a redução de desperdícios e a circularidade dos produtos. Consciente da crise climática, a TMG Automotive aliou-se ao movimento global Business Ambition for 1.5 °C, contribuindo para o maior desafio do Acordo de Paris, e comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050. Para atingir este fim, os próximos anos serão de grande exigência e iremos trabalhar em diversas frentes, como fontes de carbono renovável, eficiência de recursos, energias renováveis e circularidade. Com o objetivo de acelerar a integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e contribuir mais amplamente para a Agenda 2030, a TMG Automotive aderiu, também, ao programa SDG Ambition da UN Global Compact.

 

Em 2020, a TMG adquiriu, em consórcio com a Carrington, uma empresa alemã – Melchior Textil GmbH. A presença no mercado alemão é de importância estratégica?

Completamente. Desde há muitos anos que temos clientes de referência no mercado alemão, o qual é crucial como plataforma comercial para toda a Europa central e pelos seus elevados padrões de exigência. A Melchior é um importante player de têxteis para vestuário de trabalho e a sua aquisição foi uma decisão estratégica, uma vez que veio verticalizar a nossa oferta industrial no mercado alemão.

 

Como avalia a importância do mercado alemão, no contexto europeu e mundial?

A Alemanha, como motor da economia europeia tem, por natureza própria, o seu estatuto de importância pré-definido nos dois contextos – europeu e mundial, e muito em particular, no negócio automóvel. A notoriedade da Engenharia Alemã e o valor da marca “made in Germany” é inquestionável. Para a TMG produzir para fabricantes de automóveis (OEMs) de origem alemã é um desafio constante, quer pela exigência do próprio mercado em termos de inovação e performance, quer pela nossa posição geograficamente periférica, distante dos centros de decisão. Para a TMG é um mercado crucial – é para a Alemanha que exportamos cerca de 1/3 da gama de produtos que fabricamos, e é na Alemanha onde temos a “casa mãe” dos nossos maiores clientes. Por isso, mais de 70 por cento das nossas exportações diretas ou indiretas são para as construtoras alemãs, mesmo que globalmente dispersas.

 

Enquanto empresária, como caracterizaria as relações comerciais entre os mercados português e alemão e a sua importância um para o outro?

As relações comerciais entre Portugal e Alemanha são muito abertas, mesmo considerando que ambos os países estão num mercado único e sob as regras desse mesmo mercado. É um facto que a importância não é percecionada de uma forma idêntica em cada uma das partes. Portugal, dado o seu tamanho, estrutura industrial e economia suportada pelas exportações, tem pela Alemanha uma perceção, aliás realista, de maior importância. No entanto, nos últimos anos, Portugal tem vindo a afirmar-se como um país inovador, tecnologicamente capaz, com excelente engenharia, e a prova disso é o investimento que muitos grupos económicos alemães, alguns nossos clientes, têm feito em Portugal.

 

Enquanto CEO da TMG Automotive, e tendo conseguido que a empresa se posicionasse no segundo lugar no setor de interiores de automóveis, tornou esta empresa numa das maiores exportadoras desta área. O futuro passa por expandir ainda mais esta área em particular, dedicada aos automóveis?

Antes de responder à questão sobre o futuro, deixe-me brevemente relembrar o passado, que há cinco décadas nos vem ensinando como a melhoria contínua assente nas lições aprendidas é importante. Faz este ano, exatamente, 50 anos que a TMG iniciou o seu percurso como fornecedor de interiores para a indústria automóvel europeia. O futuro passa agora por sustentar, em crescimento, o posicionamento no mercado europeu e ir de encontro às expectativas dos nossos clientes que, relativamente aos seus principais locais de produção globais, desde a Ásia, Américas e África, vêm demonstrando uma crescente tendência de limitar a cadeia de fornecimento a produções locais. Esta tendência tem sido um fator cada vez mais marcante na nossa estratégia. Neste entendimento, a TMG Automotive formalizou há alguns anos uma empresa comercial em Xangai, China e durante o ano de 2020 consolidámos a nossa entrada numa parceria industrial local, que estimamos estar completamente operacional em 2022. Este percurso e a aprendizagem que dele tiramos irá contribuir, certamente, para desenvolvermos com tanto ou mais sucesso a nossa aproximação ao mercado norte-americano, onde já temos uma parceria com mais de 15 anos.

 

Fonte: Valor Magazine

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